33º Tom de Festa - Festival de Músicas do Mundo / ACERT

O pulsar do mundo em Tondela.

A Diversidade não é Spam

 

Mostrar o que nos une, negar o medo, rebentar a bolha

Em julho voltamos a sentir o pulsar do mundo através da música na 33ª edição do Tom de Festa – Festival de Músicas do Mundo da Acert.

Sabemos que ultimamente a humanidade tem dado sinais de palpitações, tremores (e temores) que nos inquietam, nos agitam e nos remetem para o conforto do território que nos escuda. Seja o território geográfico, dos afetos ou das agendas. Olhamos à volta, em Tondela e no mundo, e reconhecemos estes sinais, mas sabemos também que não tem de ser assim, que não deve ser assim.

Sabemos que com os outros somos maiores, no conhecimento mútuo nos fortalecemos, que fora da bolha individual de cada um há muita riqueza humana por descobrir, e que é através do reconhecimento da diversidade cultural que compõe a manta de retalhos que é a humanidade que combatemos o medo e o ódio insidioso que teima em andar à espreita.

De 9 a 12 de julho a música é mote para cultivar o amor, valorizar a diversidade, reconhecer, respeitar e promover o direito das diferentes culturas coexistirem, interagirem e se desenvolverem.  Pelos jardins da ACERT ecoarão as sonoridades dos Balcãs, Cabo-Verde, Quénia, Brasil, Zimbabué, Árabes e, claro, Portugueses.

Serão quatro dias em que a música nos transportará para latitudes longínquas que nos convidam a dançar em ritmos criados pela tradição, ao som de instrumentos identitários e com vozes que cantam palavras de ação e revolução. Serão dias em que também olharemos com atenção para o mundo que temos mesmo à porta, através de uma programação paralela que contempla atividades propostas pelas comunidades migrantes que fazem de Tondela a sua casa, e são agora nossas vizinhas, e que se juntam a esta festa num ambiente de troca de experiências, partilha de culturas e conhecimento mútuo.

Há 33 anos que o Tom de Festa é um espaço de encontro intercultural, de encontro de culturas e ideias, de palco para artistas de várias geografias com distintos percursos e vivências; um espaço virado para o mundo, que mantêm a sua identidade local e a sua relação profunda com a comunidade envolvente. Em 2025 mantemos a convicção de que a força e beleza de uma comunidade se encontra nos contrastes que a compõem. E como se de uma carta de amor se tratasse, convidamos e fazer a leitura de cada uma das histórias que são contadas e cantadas, lembrando sempre que A DIVERSIDADE NÃO É SPAM.

Bilhetes

BILHETEIRA ONLINE

PASSE GERAL
20€ PÚBLICO GERAL
12,5€ ASSOCIADO

JOVEM (ATÉ 25)/REFORMADO
5€ ASSOCIADO
7,5€ PÚBLICO GERAL

 

DIÁRIO
7,5€ PÚBLICO GERAL
5€ ASSOCIADO

JOVEM (ATÉ 25)/REFORMADO
2,5€ ASSOCIADO
4€ PÚBLICO GERAL

Os nossos Mecenas celebram connosco a diversidade!

PROGRAMAÇÃO PARALELA

9 DE JULHO | QUARTA-FEIRA

20h00 | Inauguração de Exposições

"FESTA DA VONTADE"

Maria Catarina | Portugal

Galeria Acert

Se, no campo da arte contemporânea, o foco botânico começou a explorar a hipótese das plantas como seres sencientes, é sobretudo no aprofundamento da forma como artistas interagem com as plantas enquanto meio de expressão de identidades individuais, narrativas partilhadas e memórias coletivas que as propostas mais intrigantes têm surgido.

Na exposição “Festa da Vontade”, Maria Catarina regressa ao diálogo com estas questões a partir da proposta mais radical: observar. Observar é uma extensão do verbo cuidar: ob “em frente de, em direção a, para lá de” + servare “proteger, cuidar, prestar atenção”. O Ngram Viewer mostra que a palavra observação é cada vez menos usada, substituída por outras cujo sentido se dilui nos suportes em que os olhos estão treinados para ver, e menos na interação com as coisas observadas: visualização, visionamento, exposição. O desenho de observação é um desenho de cuidado. Exige o tempo de construção de uma relação sem o qual o próprio desenho não existe, ou existe como um pobre simulacro das coisas, sem a evidência do encontro.

Os desenhos de a “Festa da Vontade” transportam para o Lugar do Desenho a experiência da artista no herbário do Museu de História Natural e Ciência da Universidade do Porto. Primeiro, como exercícios de escala capazes de lidar com o tamanho “mais que humano” das árvores do jardim, em particular do jacarandá que foi oferecido a Júlio Resende, e se encontra agora plantado na própria Fundação. Depois, como formas de delinear um quadro de pensamento-ação que nos permita estar com as plantas, evitando o poder da objetivação e ultrapassando as simples estruturas taxonómicas da botânica, mas também o nosso indisfarçável atraso neste encontro.

 

"QUANDO O ALGODOEIRO TE RESPONDE EM SILÊNCIO"

Rita Rainho| Cabo-Verde

Galeria Acert

O que significa escutar com todo o corpo? E se a escuta não fosse privilégio dos ouvidos, mas uma habilidade sensorial que toca a pele, os ossos, o tecido das relações humanas e mais que humanas? Nesta exposição, somos convidadas a participar de uma sólida relação construída entre a artista Rita Rainho e o cultivo de algodoeiros, semeado e cuidado a partir da ação do coletivo Neve Insular com a Associação Agropecuária do Calhau e Madeiral. Uma conexão que atravessa limites sensoriais e discursivos, um diálogo íntimo entre arte, vegetação e memória. Por meio do algodão e de suas histórias, a artista nos instiga a perceber o que a escuta atenta do sutil silêncio de uma planta tem a nos revelar. Uma experiência onde o silêncio se revela tão expressivo quanto a palavra, e o invisível se torna tangível, transformando a escuta em um ato de união com os saberes que habitam sob a terra..O que diriam outras partes do seu corpo se fossem ouvidos? O que comunicaria a pele das suas mãos? E os sinais nas suas costas, um braille tátil? Que segredos guardam os pelos da sua púbis ou o suco gástrico do seu estômago? (…)

A tentativa de colonizar o mundo e as coisas do mundo, de categorizar, de nomear, de tornar reconhecível, são manifestações céticas e limitadas a um maniqueísmo dominador que se crê capaz de compreender tudo o que existe, mas que, na maioria das vezes, mal consegue ouvir com seus próprios sentidos. O que o algodão teria para nos contar sobre a monocultura das Plantations? E sobre a cultura dos povos antes da História? Quão imensa seria uma ciência botânica escrita pela poesia dos floemas?(…)

A exposição nos convoca à escuta como um ato de resistência, um gesto político e poético de reconexão com aquilo que nos constitui enquanto humanos — e mais do que humanos. As obras convidam-nos a ultrapassar a superficialidade do som para ouvir além dos ouvidos: o que diz o algodão, o que sussurra a terra, o que grita o silêncio. Nesta exposi- ção, somos chamadas a redescobrir uma sensibilidade constantemente anestesiada, a perceber que tudo ao nosso redor vibra em narrativas únicas e diversas e a dialogar com o inefável.

"Gabriela Carvalho"
janeiro de 2025

 

"TEMPO DOURADO"

Jorge Coimbra | Portugal

Restaurante Acert

O projeto “Tempo Dourado” resulta de uma seleção de fotografias obtidas em Tondela, numa área muito reduzida, dentro de casa e em zona circundante.

A maioria das fotografias foi realizada ao entardecer, por vezes durante ou após condições meteorológicas instáveis, proporcionando assim particulares condições de luz. A Serra do Caramulo, antecipando o pôr-do-sol, configura-se como uma barreira detrás da qual a luz solar é projetada.

Muitas das imagens foram feitas durante os períodos de confinamento decorrentes da pandemia, o que de alguma forma fez despertar a atenção e o apreço das pessoas, e do autor em particular, para o ambiente que encontramos no quotidiano.

  

BIO

Jorge Coimbra (Lisboa, 1960).Tem formação de base em engenharias e estudou fotografia no Cenjor.
Na juventude experimentou o analógico, mas só no virar do século e com o digital, voltou com paixão à fotografia. Começou por abordar a fotografia de paisagem com cenários onde existem árvores, animais, barcos ou elementos arquitetónicos.
Ao longo do tempo, nas suas imagens, o ambiente urbano tem vindo a tornar-se preponderante, sem deixar de abordar os mais variados motivos fotográficos.
Tem fotografias suas publicadas em vários livros didáticos de fotografia e tem livros de autor editados. Participou em exposições coletivas e individuais.

 

20h30
"ILUSTRADORES PELA PAZ NA PALESTINA"

MPPM | Movimento Pelos Direitos Do Povo Palestino E Pela Paz No Médio Oriente
Palavra Ambulante

A exposição “Ilustradores pela Paz na Palestina” reúne o trabalho artístico solidário de vinte e quatro ilustradores portugueses, que, através do seu trabalho, exprimem o seu sentir sobre o que se está a passar na Palestina. Denunciam o genocídio e apelam ao cessar-fogo em Gaza e à paz, porque “ilustração é resistência”.

Esta exposição tem curadoria de Ana Biscaia e é uma iniciativa do MPPM, do CPPC, da CGTP-IN e do Projecto Ruído. Nela participam os seguintes ilustradores: Alexandra Ramires, Alexandre Esgaio, Ana Biscaia, André Pereira, André Ruivo, Arianna Vairo, Catarina Sobral, Eva Evita, Júlio Dolbeth, Mantraste, Mariana Rio, Marta Monteiro, Marta Nunes, Paul Hardman, Pedro Pousada, Rachel Caiano, Rebal Bueno, Ricardo Ladeira, Sebastião Peixoto, Susa Monteiro, Susana Matos, Teresa Carvalho, Tiago Guerreiro e Vladimiro Vale.

É importante não fazer silêncio: cessar-fogo já!

 

20h30 | Ação performativa conjunta

"ATENÇÃO-A-TENSÃO"

Maria Catarina e Rita Rainho

Galeria Acert60  min

 

10 DE JULHO | QUINTA-FEIRA

20h00 | Demonstração

NUCLEO DE ESCALADA DA ACERT

No Tom de Festa, o Núcleo de Escalada da ACERT convida-nos a trocar a pista de dança pelo desafio da gravidade, numa demonstração do que é a atividade que desenvolvem todo o ano.

Deixamos apenas o aviso, a curiosidade pode dar lugar a uma vontade inexplicável de subir ao Caramulinho como se fosse o Evereste.

 

20h30 | Apresentação de livro

“QUE LUZ ESTARIAS A LER?”

de Ana Biscaia e João Pedro Mésseder

LIVRO PALESTINA (QUINTA)  - 20H30

“Que luz estarias a ler?” é um livro que nasce em memória de cinco centenas de crianças mortas numa escola atingida pelos bombardeamentos do exército israelita em Gaza, no Verão de 2014. A narrativa ficciona os momentos que se seguem ao ataque e centra-se em Aysha, que tenta salvar os livros entre os escombros, procurando aquele que Kalil, seu amigo, estaria a ler.

Às imagens que Ana Biscaia criou, João Pedro Mésseder acrescenta as palavras, dando corpo a uma estória ambientada na destruição, no caos e na morte, mas que nos fala sobretudo da esperança no olhar das crianças, que veem nos livros um futuro de paz.

 

21h00 | Apresentação Musical

CORO DA ASSOCIAÇÃO DE UCRANIANOS EM VISEU

Palavra Ambulante

O coro da Associação de Ucranianos em Viseu apresenta um repertório de canções tradicionais e contemporâneas da Ucrânia, num momento de partilha cultural e memória viva. Vozes, trajes típicos e emoção unem-se num espetáculo que celebra a identidade, a resistência e a esperança.Um convite à escuta, à empatia e à união entre povos.

 

 

11 DE JULHO | SEXTA-FEIRA

20h30 | Apresentação de livro

"AH! AS BELAS INTENÇÕES"

de Pitum Keil do Amaral apresentação por Sérgio Raimundo (escritor moçambicano)

 

Assim pensava um jovem a meio do século XX.

Entre o humor e o drama, assim observava o país, há setenta anos, um bem-intencionado e jovem candidato a escritor. Como é curiosa a comparação com os nossos dias!

Apresentação do livro por Sérgio Raimundo, escritor, professor e jornalista moçambicano. O olhar jovem de quem tem metade da idade do autor num encontro que assinalará também vivências comuns em Moçambique dos dois escritores em tempos distintos.

 

Francisco Pires Keil Amaral

Nasceu em Lisboa, em 1935. Fez ali o curso de Arquitetura, na Escola Superior de Belas Artes, e o de Ciências Pedagógicas, em Coimbra.

Depois, foi professor do Ciclo Preparatório, artista plástico, arquiteto, funcionário público e, outra vez, professor universitário. Viveu e trabalhou em Lisboa, Tramagal, Funchal, Ponta Delgada, Maputo (Moçambique), Loures, Nelas e Viseu. Para se divertir, foi amador de teatro, participou um pouco no cinema e na televisão. Casou com a escultora Leonor Bettencourt e, após a sua morte, com a escultora Maria Lira. Juntos, fizeram crescer sete filhos. Entraram, por vezes todos juntos, em programas televisivos. Escreveu histórias infantis, crónicas e outros temas variados, como seria de esperar ao longo de uma vida tão diversificada. Este foi o seu primeiro trabalho literário inédito, escrito em pleno Estado Novo, há cerca de setenta anos (1955).

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Sérgio Raimundo

É escritor, professor e jornalista moçambicano. Licenciado em Filosofia pela Universidade Eduardo Mondlane, mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Algarve e doutorando em Ciências da Comunicação no ISCTE. Escreve diariamente para diversos jornais em Moçambique, Brasil, África do Sul e Portugal. Síntese e fragmentos da emoção (poesia), Avental de um poeta doméstico (poesia), A ilha dos mulatos (romance), As ancas do camarada chefe (crónicas) e Peça desculpas, sua excelência (crónicas) são suas publicações em livros.

As suas obras têm sido premiadas em concursos literários em Moçambique, no Quénia, destacando-se o Prémio Literário INCM/Eugénio Lisboa (2019), Portugal - Moçambique.

 

 

12 DE JULHO | SÁBADO

11H00 | aula aberta

YOGA PARA PAIS E FILHOS | Núcleo de Yoga da ACERT

Parque Urbano de Tondela

Uma manhã descontraída para alongar o corpo, respirar fundo e fortalecer os laços em família. Nesta aula aberta com o Núcleo de Yoga da ACERT, pais e filhos partilham movimento, brincadeira e equilíbrio — ao ar livre e em boa companhia!

 

17H00 | Oficina

WORKSHOP PINTURA PETRYKIVKA

Associação de Ucranianos em Viseu

Jardim ACERT

Um convite para mergulhar na delicada arte tradicional ucraniana reconhecida pela UNESCO. Neste workshop, os participantes irão a aprender a fazer os traços florais e os padrões vibrantes que dão vida à pintura Petrykivka. Não é preciso experiência — só vontade de criar e explorar cores com significado, através de uma expressão artística cheia de simbolismo, história e beleza.

Inscrições no local.

 

19H15 | Oficina

Showcooking Risotto

Amanita Bunker

Jardim ACERT

O fim de tarde de sábado do Tom de Festa trás uma propostas gastronómica para ser vista antes de ser provada. Um showcooking de Risotto de cogumelos.

O projecto AMANITA BUNKER dedica-se ao maravilhoso mundo dos cogumelos, criando ambientes de identificação e degustação de cogumelos silvestres.

Nas saídas de campo e tertúlias associadas à confecção de iguarias micológicas geram-se  conversas estimulantes à volta dos saberes populares, conhecimento científico dos fungos, importância e benefícios  para a floresta, indústria alimentar, biotecnologia e medicina.

 

 

20H30 | Apresentação de livro

PELOS CAMINHOS DE HERMES:

culturas, educação, hospitalidade e mediação

de João Maria André

Palavra Ambulante


Vivemos imersos numa Babel de línguas e culturas. Perdemo-nos no seu labirinto, e a estranheza que nos gera desperta frequentemente apreensão ou medo, levando à clausura, ao retraimento e a várias formas de xenofobia. Mas a diferença não é em si uma ameaça.

Pode ser vista como oportunidade para a potenciação, o enriquecimento e a complementaridade.

Este livro parte da força e da energia que alimentam a palavra, a cultura e os seus gestos, práticas e expressões, para descobrir caminhos de encontro, os caminhos de Hermes, que passam pela educação intercultural, pela hospitalidade, pelo diálogo e pela celebração festiva do mundo e da vida, como casa de todos, pessoas e povos, no respeito pela singularidade de cada um.

É, por isso, um livro sobre a mediação e os seus espaços, na língua, na cultura, na educação, na política ou na arte. Sobre a possibilidade de transformar a diferença e o conflito num diálogo que mobiliza simultaneamente o pensamento e a afetividade, as ideias e as emoções, a razão e a sensibilidade, à procura da concórdia, que significa “harmonia” e “encontro de corações”. É um livro que brota do espanto com que habitamos o mistério da existência.

 

TODOS OS DIAS

22H00 | Oficina

SOA-ME BEM

Casa Estrela | Serigrafia

Jardim Acert

Inscrições no local

60 min | doa 6 aos 12 anos

Vem fazer a tua primeira zine, uma pequena publicação DIY (do it yourself) sobre música. Nesta oficina vamos usar a escrita, a pintura, o desenho e a imaginação para trazer ao papel uma história com ritmo e melodia. No fim, ficarás com um mini-livro feito por ti.

 

 

(nas) Bocas do Mundo

No Tom de Festa, a música não é a única protagonista — à nossa espera estará também uma viagem de sabores! À entrada do jardim, vários espaços convidam a provar sabores tradicionais que sabem a casa, propostas vegan deliciosas e ainda encontros com pratos de países distantes feitos pelas mãos de vizinhos. Vem com fome de festa — e de comida!

Aqui vais encontrar:
- PÃO COM CHOURIÇO, em forno a lenha- GRÃO A GRÃO, com um menu vegan diário
- DAS TRIPAS CORAÇÃO, para adoçar os dias

Mas também

 

10 de julho | 19h15

Gastronomia Brasileira – Pastéis

 

11 de Julho | 19h15
Gastronomia Ucraniana (salgado e doce) e Artesanato

Associação de Ucranianos em Viseu

 

11 de Julho | 21h00Gastronomia de Cabo Verde - Moamba


12 de julho | 20h00

Gastronomia Brasileira – Pastéis