SEX Trigo Limpo MUSEU DO ESQUECIMENTO OU VAMOS MUDAR O MUNDO | Estreia Trigo Limpo teatro ACERT Um espetáculo que promove o pensamento critico, a criatividade e a interação, no qual celebramos a criança como esperança da criação de um mundo melhor.
Maiores de 12
60 MIN.
GERAL: 7,5€ / ASSOCIADOS: 5€
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MUSEU DO ESQUECIMENTO OU VAMOS MUDAR O MUNDO | Estreia
Uma loja de pássaros que subsiste durante a guerra, e enquanto lá fora caem bombas, dentro de portas aves silenciosas continuam a despertar o interesse de que procura o deslumbramento, mesmo quando a ordem geral pede o contrário. Terminada a guerra, nesse mesmo local, que era também refúgio, nasce uma família. Estão prestes a ver nascer um novo mundo mas ainda dominados pelo medo. Medo do outro, do que está para lá do que é conhecido, do que foge à regra e que não possa ser medido em números.
Mas se o medo vive também da memória, é do coração dos mais novos que ele é sacudido. O Filho sai de casa para ir em busca de novos horizontes. Por sua vez, a filha com a ternura de uma criança convence a família a comprar um poeta. É este novo habitante da casa que, com a sua delicadeza e forma inspiradora de ver o mundo, irá abalar a estrutura da família.
Vazia de grande parte dos seus habitantes, esta casa vê-se transformada em museu. E com ela, também o mundo começa a mudar. Como um espelho em que cada um se encontra individual e coletivamente. O eu e os outros. A casa e o mundo.
“Museu do Esquecimento ou Vamos Mudar o Mundo” é uma dramaturgia de Pompeu José e Catarina Requeijo criada a partir de alguns dos livros de Afonso Cruz para a infância e juventude e que se pretende que seja para todos. A intenção foi criar um novo mundo, em palco, baseado no imaginário do Afonso Cruz, e onde cinco atores e um músico dão vida a essa nova história.
Mas se grande parte dos museus não nos traz lembranças, um museu do esquecimento deveria não deixar esquecer, não deixar apagar memórias. E é Afonso Cruz quem dá o mote: “Devemos cozinhar crianças resignadas com o mundo ou devemos criar crianças criativas?”
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Ficha técnica e artística
Texto – A partir da obra de Afonso Cruz
Dramaturgia – Catarina Requeijo e Pompeu José
Encenação – Pompeu José
Composição Musical – Miguel Cordeiro e Paulo Nuno Martins
Interpretação – Afonso Cortez, Ilda Teixeira, Pedro Sousa, Pompeu José e Sandra Santos
Músico – Miguel Cordeiro ou Paulo Nuno Martins
Cenografia – ZéTavares
Assistência de Cenografia – José Abrantes
Figurinos – Adriana Ventura
Desenho de Luz – Paulo Neto
Sonoplastia – Luís Viegas
Apoio Técnico – Ricardo Leão
Carpintaria – Carmosserra
Serralharia – Araufer
Design Gráfico – Daniel Nunes e ZéTavares
Fotografia – Daniel Nunes
Vídeo – Quantom
Comunicação – Daniel Nunes, Liliana Rodrigues e ZéTavares
Assessoria de Imprensa – Romana Martins
Produção – Marta Costa
145ª produção do Trigo Limpo teatro ACERT
FOTOGRAFIAS DE CENA
Fotografias: Daniel Nunes / ACERT
O processo de criação, na perspectiva dos criadores
POMPEU JOSÉ
Dramaturgia, Encenação, Interpretação
“Museu do Esquecimento” é o produto final de uma proposta que tivemos no ano passado, quando estávamos a fazer o nosso projeto para 2023. O Pedro apresentou o projeto para fazer um espetáculo para a juventude e para a infância, com textos do Afonso Cruz e propôs também o nome da Catarina Requeijo.
Comecei a dramaturgia com ela. Decidimos escolher uma série de livros Afonso Cruz, cerca de uma dúzia. Lemos, sublinhámos aquilo que achávamos importante e ao fim de um mês e meio vimos tudo em conjunto e percebemos que havia muita coisa em comum nas nossas seleções individuais. Essas ficaram de base e depois começámos a fabricar uma nova história.
Então fomos à procura de coisas e ficou o “Vamos Comprar um Poeta” como história central, com um grande desvio. O filho, que originalmente fica com a família, aqui decidimos que iria fugir e passa a ser uma personagem retirada de um outro romance, o “Princípio de Karenina”.
E digamos que o prólogo tem a ver com a marca da guerra, com a marca da memória que o Afonso Cruz também tem muito nos textos dele. Podemos alterar o passado, porque a nossa memória também o altera.
No fim, queríamos dar alguma força de alteração àquela sociedade, que fomos buscar à cruzada das crianças, de outro livro dele, o “Vamos Mudar o Mundo”. O texto correspondente a “Vamos Comprar um Poeta”, na peça, termina com a miúda a ficar sozinha. O pai é posto fora de casa e a mãe também vai se embora. Sozinha, ela vai transformar a casa numa espécie de museu, por brincadeira.
E a história é esta. É uma história em que a criança acaba por ser o centro ou aquela miúda e o irmão acabam por ser o motor da própria história e eles é que provocam o próprio poeta. Vão provocando transformações àquilo que está estabelecido. O pai acaba por vir à cena final, ainda como punkeiro, a dizer que “não pode ser, não podem mudar porque querem”. Mas depois, no fim, estão todos em sintonia só com o fato base a reivindicar mudanças.
Mais do que a realidade atual, história foi influenciada pelos textos do Afonso Cruz, por aquilo que eles nos transmitiram e na sua fusão com as nossas preocupações deste tempo. Mas é giro, como ele escreve muito bem, poeticamente e não de uma forma naturalista ou realista, a tentar reproduzir o dia a dia. Traz uma forma poética de falar das coisas mais duras. Não só poética, como irónica.
Tendo um texto daqueles sobre a guerra, em que a normalidade da guerra se transforma com a possibilidade da loja de pássaros se manter aberta, ligou-se na perfeição com as imagens que tínhamos da Ucrânia. As pessoas que mantinham a sua rotina mínima, às vezes em coisas que não têm nada a ver, porque são absurdas no seu essencial.
E essa parte da história ficou-nos muito presente. Ficou-nos a história dos pássaros e a história da liberdade, porque é recorrente para mim, enquanto criador, refletir sobre isso nos espetáculos. E Aquela casa acaba por ser uma gaiola gigante onde vivem os humanos, e que não aceitam ser livres.
O espetáculo não é uma história realista, porque vive ali num mundo um bocadinho mágico, onde a família vive, onde as personagens se desenvolvem e, portanto, o espetador, tal como num livro, tem a hipótese de imaginar aquele mundo e de imaginar aquele universo onde aquilo tudo acontece.
Penso que a peça pode levar a que as pessoas criem apetite de ler Afonso Cruz pela sua poética. Sempre uma análise daquilo que é que a humanidade. Ele não escreve sobre o nosso mundo atual, acho eu. Escreve sobre o ser humano no seu todo.
CATARINA REQUEIJO
Dramaturgia
O centro do espetáculo anda em torno do texto “Vamos comprar um poeta”, que é sobre uma família. A filha decide comprar um poeta e, com isso, reorganiza o ambiente da família. E, depois, tem um prólogo e um epílogo que, no fundo, são uma arrumação ou desarrumação de um universo maior do que a família. Como se fosse uma sociedade.
O texto é uma colagem dos textos do Afonso Cruz. Há uma palavra ou outra que pode ter sido acrescentada, de resto é mesmo um “corta e cose”. A nossa perspetiva, claro, está influenciada por tudo aquilo que vivemos. Não só pelas guerras, mas por esta sensação de fim de ciclo de uma construção que vemos que está a ameaçar ruir. E isso está muito presente naquilo que fomos pensando. Também há um ciclo no espetáculo, como se a história se repetisse.
Este espetáculo foi construído com a preocupação de que as crianças também o pudessem ver. Há um limite inferior de idade, mas nunca superior. Um espetáculo que as crianças possam ver é, por norma, um que os adultos também terão prazer e usufruirão de ver. As camadas de perceção é que são diferentes.
O intuito é estimular o público à criatividade e ao pensamento crítico. Essa é a função do teatro, de qualquer obra artística. Essa parte da inteligência que, por vezes, não está tão trabalhada. Esse pensamento crítico.
Aqui há uma ideia, também, de questionar sobre a forma como se vive. Na história “Vamos comprar um poeta” a família está muito condicionada por questões financeiras. O poeta vem desorganizar aquele mundo que cabe todo numa folha de Excel. Há esse aspeto para pensarmos como as nossas vidas estão todas organizadas quase numa folha de Excel e, às vezes, há um lado de imprevisibilidade, poesia e surpresa.
Foi um processo muito prazeroso. O mais curioso é que nunca conheci o Pompeu ao vivo. Conheço-o porque já fui várias vezes aí, cruzámo-nos em trabalhos, mas não o conheço.
Fizemos todo este trabalho à distância a tentar conjugar dois universos, duas formas de pensar diferentes. Acho que foi muito enriquecedor.