28 fev , 2001
QUA
fora de cena Sexo? Sim, Obrigado! ou a Arte de Folgar
28 fev , 2001
QUA

fora de cena

Calendarização

28 fev
qua
2001
Tondela  (Auditório 2)
28 dez
qui
2000
  (Auditório 2)

Sexo? Sim, Obrigado!

ou a Arte de Folgar

O “sexo” caracteriza uma viragem importante, em termos de abordagem dramatúrgica.
Um tema sensível foi tratado como um exercício interpretativo, no qual a comunicação directa com o público constitui o eixo central de todo o espectáculo.
A abordagem do argumento, pela delicadeza das temáticas, coloca as duas actrizes no “fio da navalha”, e apresenta-se como um rico e um laborioso desafio em termos de construção e recriação de personagens. Salienta-se que este espectáculo, sendo montado sem qualquer objectivo didáctico, se veio a revelar portador de importantes conflitos teatrais que mereceram grande aceitação por organizações e serviços de saúde e de educação.
As digressões realizadas por todo o país são testemunho da grande receptividade do público, sendo de destacar o êxito obtido na digressão realizada a Moçambique, que suscitou convites.

Calendarização

28 fev
qua
2001
Tondela  (Auditório 2)
28 dez
qui
2000
  (Auditório 2)

Ficha técnica e artística

Ante - estreia 28 de Dezembro de 2000
Estreia 28 de Fevereiro de 2001
Auditório 2, Tondela

Texto Adaptação livre do texto “Sesso? Grazie, tanto per Gradire” de Franca Rame, Jaccopo Fo Dario Fo
Adaptação e encenação Pompeu José
Assistência de encenação Cláudia Andrade
Cenografia José Tavares e Pompeu José
Música Fran Perez
Figurinos José Rosa
Costureira Felicidade Café
Desenho de luz Luís Viegas
Sonoplastia João Paulo Martins
Bonecos Luís Pacheco
Técnica Paulo Neto
Apoio à tradução Rosa Simão, Carlos Santiago, António Andrade, Sandra Andrade, Giorgio Olivieri
Carpintaria Sílvio Neves
Serralharia Rui Ribeiro
Tapete José Manuel Carriçofotografia Carlos Teles, Paulo Leão
Apoio à produção Ruy Malheiro, José Rui Martins, Carla Torres, Miguel Torres, Irene Pais e Marta Costa
Elenco Ilda Teixeira e Maria Simões


Falar de sexo, agora? Porquê?

Quando o importante parece ser falar sobre outros assuntos, ou mais mediáticos, ou mais interventivos, ou até mais abaladores do sistema?
Como é dito no espectáculo: “é em épocas como esta que vivemos que devemos falar de sexo! É uma opção social e política que nos permitirá reencontrar o prazer e recuperar o amor, no seu sentido mais pleno, o amor dos sentimentos e o amor físico…”
Falar de tudo falando de nós, quando falar de nós é falar do nosso corpo e dos nossos medos. Quando falar de nós é rirmos de nós próprios. É falar alto de coisas que pensávamos que já sabíamos e de que, afinal, sabemos tão pouco.
Duas mulheres dedicam a sua vida a uma nobre causa: informar sobre sexo, explicar o sexo.
Fazem de uma conversa um espectáculo.
Partem de um texto: um monólogo de Franca Rame, encenada pelo marido, Dario Fo, Nobel da literatura em 97, e baseado no livro, “O Zen ou a arte de foder”, do filho do casal, Jacopo Fo.
Estas duas “manas” desdobram-se em argumentos e personagens para tentar fazer crer ao público que, em sexo, mais que tamanhos ou desempenhos, o essencial é o prazer.
Para complementar a informação utilizam dois exemplos
- representados por bonecos – “Adão e Eva”, uma ideia retirada do Decameron de Bocaccio e da “Fábula dos Três Desejos”, uma fábula medieval de origem provençal.
Se, em política, o que é verdade hoje pode ser mentira amanhã, no amor as verdades são eternas, mais eternas que o próprio amor: “pois casos de amor que julgávamos que eram para sempre acabam-se de um momento para o outro”.
“Como é que se mantém viva uma relação amorosa? Não sabemos! O que é que se deve fazer? Ir à revisão de dez em dez mil quilómetros? Adubá-la na Primavera? Não sabemos e ninguém nos consegue explicar…”
Mas “elas” tentam. E fazem-no arduamente numa divertida exposição pública de conceitos pessoais, lugares comuns, verdades universais, dados científicos, etc.”
No final podemos não acreditar em tudo o que disseram mas nunca mais deixaremos de sorrir quando vivermos uma situação semelhante às que elas descrevem ou quando nos vier à ideia uma das pequenas histórias que nos contaram.

Pompeu José


do texto

Do texto

Estou profundamente convencida de que, em momentos como este que vivemos, falar de sexo é uma opção social e política, que nos vai permitir voltar a ter prazer em viver, e a recuperar, através de uma relação amorosa, o amor no seu sentido mais lato: o amor dos sentimentos e o amor físico… a alegria de viver… tudo pedaços dessa moral e dessa sinceridade que se foram perdendo entre outras coisas.
Julgamos que já sabemos tudo sobre o tema, que já vivemos uma autêntica revolução sexual… mas há muitas, muitíssimas coisas que desconhecemos, das quais não falamos nem com a nossa melhor amiga, ou amigo, e que os nossos jovens, muito mais livres que os da minha geração – essa que, por outro lado lhes abriu o caminho
– desconhecem. Vamos ver isto juntos.
Por isso vamos falar de sexo e de amor, da relação amorosa completa, positiva, que ajuda a crescer o casal e o indivíduo, na sua relação com a sociedade.
Vamos falar de amor.
Como é que se mantém viva uma relação amorosa? Não sabemos. Ninguém sabe.
O que é que se deve fazer? Ir à revisão de dez em dez mil quilómetros?… Adubá-la na primavera? Ninguém sabe e nada nem ninguém nos pode ensinar. E casos de amor maravilhosos que acreditávamos que fossem eternos, que durassem para sempre, acabam de um momento para o outro.
Mas a grande culpa é da ignorância e da mistificação que existe em torno do sexo.
Pensamos que já sabemos tudo e então agora com o constante bombardeamento pornográfico a que estamos sujeitos, acreditamos que somos uns mestres.
Mas a verdade é que não é assim e esta falta de conhecimento sobre a matéria vem de longe, nada mais nada menos que desde a Bíblia, desde que apareceram Adão e Eva.
É que não há conhecimento de nenhum diálogo de amor entre eles.


Franca Rame, sobre o espectáculo

“É um monólogo terno, centrado nas relações sentimentais e também físicas, sobre as quais dou conselhos aos mais jovens… e aos que já não o são. Temos medo até das palavras. Até das palavras temos medo. A nossa sociedade não ensina a amar, nem com o corpo, nem com a alma. No espectáculo os sentimentos estão em primeiro plano. Há momentos irónicos, cómicos e poéticos, mas também se fala da frigidez feminina e masculina, do orgasmo, da musculatura intima do homem e da mulher, do famoso ponto

G. São informações elementares mas o seu desconhecimento provoca problemas sexuais, e em muitos casos doenças que poderiam evitar-se com um mínimo de informação. Dessa falta de informação nascem neuroses, frustrações e muitas separações de casais. É a exaltação da ignorância”.


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