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Ópera Do Bandoleiro
NEGRA – Senhor branco veio e rasgou meu vestido, com aquelas maneiras que ele usa usar. Disse pra mim: tu vais ver como é um branco em ti. E eu fugi para longe. Era o vinho que ele trazia quem falou de dentro dele. Os outros senhores brancos riam quando ele rasgou minha roupa. Gritei, mas só pássaros e flores me olharam tristes. Negros presentes não olharam por medo. Por medo e por res- peito. Negro velho olhou e com a cabeça fez pra eu não resistir senhor branco. Mas eu não queria querer ele em mim. Então tombou-me na mesa e despiu-se das calças e fiquei mulher muito rápido. Chorei e mordi senhor branco, mas ele endoidou e mostrava gostar. Era o vinho dentro dele… Veio Benjamim empurrá-lo. Senhor caiu e olhou mau pra Benjamim. Apanhou uma faca de capar porco e gritou feio pra Benjamim que queria fazer dele porco capado. Benjamim pegou enxada medindo distâncias entre ele e outros brancos. Eram dois. Pretos éramos cinco. Um branco quis garrar-me e cortei ele onde é feio falar. Gritou e fugiu pra chamar a guarda. O outro branco teve medo e foi no trás. Éramos só os pretos e o senhor branco. Benjamim levantou enxada e abriu cabeça do senhor branco. Ele deixou cair faca de capar e olhou parvo para mim, daquele parvo que eu nunca lhe vira, nem mesmo quando fiquei mulher.
(música pára)
Podia mentir, senhor capitão, mas não. Podia ter sido outro preto quem matou, mas foi Benjamim e só digo quem foi porque ele fugiu e agora é um preto livre, senhor capitão.
ZÉ DO TELHADO – E foi aí que o encontrei! LAMPIÃO – E entonce? O cara te foi fiel? ZÉ DO TELHADO – Fi-lo jurar fidelidade!…
BENJAMIM – Tudo eu prometeria desde que me não tornassem a por a ferros!… (canta):
Juro, à fé deste punhal… Que serei fiel aos meus… que revejo neste bando. Serei gentil com os pobres… e não pouparei os ricos… não permito que ninguém…traia o bando ao qual pertenço.
CORO DOS SALTEADORES – (cantam)
Somos maus, há quem afirme, somos filhos deste chão, cada um com seu percurso, cada qual com seu quinhão.
Os caminhos que pisamos são feitos de terra pobre, escolhemos esta guerra por a julgarmos mais nobre.
excerto do texto “A Ópera do Bandoleiro”
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Ficha técnica e artística
Estreia 11 de Julho de 1997
Auditório ao Ar Livre (encerramento do Tom de Festa), Tondela
Autoria e direcção musical Carlos Clara Gomes
Encenação José Rui
Arranjos Carlos Clara Gomes, Carlos Peninha
Desenho de luz Luís Viegas
Sonorização Anatol Washke
Apoio técnico José Tavares, João Paulo Leão, Rui Ribeiro
Músicos Adelino Soares, Augusto Cameirão, Carlos Clara Gomes, Carlos Peninha e Gonçalo Almeida
Actores / cantores Carla Torres, José Rosa, José Rui Martins, Raquel Costa e Pompeu José