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Brincando Com O Fogo
Brincando com o Fogo” representa a primeira incursão na área do teatro de rua com forte utilização teatral da pirotecnia.
A dramaturgia abordava situações cénicas onde a recriação mágica da história local se cruzava com textos de Gil Vicente e de textos ligados a práticas inquisitoriais praticadas na região de Coimbra.
Esta produção permitiu explorar novas linguagens cénicas e a exploração espacial das intervenções teatrais, bem como pesquisar sobre a utilização técnica da cenografia, música, figurinos e iluminação com aproveitamento do fogo e efeitos pirotécnicos.
O Fogo, como elemento natural, transporta consigo um conjunto de significados e utilizações que têm tanto de contraditório, como de fascinante.
O espectáculo de teatro de rua, por todas estas potencialidades, não deixa de nele depositar confiança, submetendo-o às duras provas da dinâmica teatral. O fogo passa a ser, deste modo, elemento mágico de códigos misteriosos que importa redescobrir constantemente no percurso do espectáculo.
Aos actores que com ele contracenam, e ao público que o “saboreia”, cabe a tarefa de O transformar em sujeito que actue para além das suas aparências comum (calor, luz), ampliando, pelo jogo teatral, as suas dinâmicas mágicas.
A comunicação, a tortura, a festa, a desgraça, a utilidade doméstica e a magia são algumas das áreas a que o Fogo aparece, na vida, tão contraditoriamente associado, tentando-se neste espectáculo associar a história e a lenda com referências contemporâneas que o deixem respirar num exercício de representação solto.
Os espectadores aparecem-nos, não como elementos de posição rígida (plateia), mas como intervenientes a ter em conta pela sua demarcação para os seus próprios pontos de interesse. E aqui reside o desafio interessante: conceber plasticamente o espectáculo, deixar que a história se torne evidente pelo jogo e entrega dos actores na arquitectura natural ou nas construções concebidas para o efeito e, “sem rede”, explorar e descobrir sensações sempre mais amplas e imprevisíveis.
José Rui
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sáb
Ficha técnica e artística
Apresentação única 24 de Julho de 1993
Jardim do Hospital Velho, Tondela
Texto e encenação José Rui
Cenografia colectiva
Figurinos José Rosa
Desenho de luz e direcção técnica Luís Viegas
Música / músicos Carlos Clara Gomes, Francisco Reis
Técnica Carlos Jorge, João Paulo Martins e Pedro Tiago
Elenco: Ana Isabel Carvalho, Ana Saraiva, Carla Gouveia, Carla Torres, Carlos Silva, Élio Antunes, Gabriela Pinto, Hugo Torres, João Almiro, José Rosa, José Rui, Luís Carm,o Miguel Torres, Orlando Agostinho, Orlando Paraíba, Paula Torres, Paulo Ribeiro, Pedro Marques, Raquel Costa e Tiago Ferreira
Texto a partir das obras “Tradições Populares de Portugal” de J. Leite de Vasconcelos “Práticas e Crenças Mágicas"
– O Medo e a necessidade dos Mágicos na Diocese de Coimbra (1650-1740)” de José Pedro Paiva, “História dos principais actos e procedimentos da Inquisição em Portugal” de José Lourenço D. Mendonça e António Joaquim Moreira, “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente e “As terras de Besteiros e o actual Concelho de Tondela” de A. Ferraz de Carvalho.
Música, figurinos e iluminação com aproveitamento do fogo e efeitos pirotécnicos.
Excerto do Texto
ACTORES – Fogo!
Aponta-nos caminho, porque nem sempre se queima quem contigo brinca.
Deixa-nos rebolar os pensamentos no que nos permites, no que dificultas, no que nos persegues.
És Fogo! Sem sinal de bem ou mal.
Ao utilizarmos-te indicamos a tua função. Nós te manipulamos. Fogo!
Leva-nos onde quiseres, porque nem sempre brinca quem contigo se queima…
excerto do texto “Brincando Com O Fogo”