QUA finta ROMEU E JULIETA De William Shakespeare TEATRO DA TERRA | Portugal A história de amor proibido mais famosa do teatro, numa versão repleta de lirismo para ser escutada com a mesma atenção com que se vê.
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finta
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estreia
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ROMEU E JULIETA De William Shakespeare
A história trágica de amor de Romeu e Julieta, escrita pela pena de Shakespeare em 1597, é uma das obras mais reconhecidas, mais reproduzidas, mais representadas em todo o mundo.
Uma e outra vez, com algumas liberdades criativas, a história repete-se: Em Verona, duas famílias inimigas, os Montéquio e os Capuleto, assistem ao enamoramento dos seus filhos. “Dois amantes predestinados” como se lê na obra de Shakespeare. Apesar das rivalidades familiares, Romeu e Julieta encontram-se e apaixonam-se profundamente. Desafiam as convenções sociais e o ódio que há décadas separa as suas famílias, casam secretamente, mas uma série de trágicos equívocos e eventos culmina na morte prematura de ambos, selando o seu amor como uma história de amor proibido e maldito.
Nesta versão do Teatro da Terra, com encenação de Maria João Luís e tradução e adaptação de Fernando Villas-Boas assistiremos a um espetáculo que bebe das palavras de Shakespeare mas que reflete também uma visão atual. Com uma linguagem contemporânea e uma estética visual ousada, ROMEU E JULIETA explora temas intemporais como o amor, a violência, o ódio e a reconciliação. A intensidade da paixão entre os protagonistas é refletida em interpretações multifacetadas, que amplificam toda a violência e a energia contida no conflito entre as famílias.
A peça aborda também questões sociais e políticas, destacando a necessidade de superar a divisão e o preconceito, e a importância de encontrar um terreno comum onde a paz possa prevalecer. Apesar de não abordar diretamente a luta de classes, é possível interpretar alguns elementos da peça como um reflexo de tensões, rivalidades, conflitos sociais e da divisão entre Montéquios e Capuletos, ao criar um mapa emocional intenso e provocativo, “ROMEU E JULIETA” lembra-nos a universalidade dos sentimentos humanos e do poder transformador do amor, mesmo em tempos sombrios e complexos como os nossos.
Sobre o espetáculo:
Para apreciarmos a extraordinária inversão de valores que a peça Romeu e Julieta trouxe, basta vermos uma versão poética contemporânea da mesma história, colhida em novelas italianas, à qual Shakespeare deitou mão para construir o seu enredo. The Tragical History of Romeus and Juliet (1562), de Arthur Brooke, não entroniza os dois adolescentes e o seu amor impaciente, como faz a versão de Shakespeare, no que ficou a ser a fonte, afinal, do culto da juventude que ainda está nos nossos hábitos e que esta peça inaugurou (R&J é de 1595-96, uma distância que por si só mostra a popularidade do poema). Pelo contrário: o conto em verso de Brooke oferece várias lições: o autor toma o partido dos pais, naturalmente, à luz dos costumes da época, e dá o nome de “desejo desonesto” à força que une o par, além de tratar Julieta como “donzela cheia de vontades” - a mesma ofensa com que o pai Capuleto castiga a filha no drama de Shakespeare (e nesta versão portuguesa), no discurso violento em que ameaça deserdá-la, caso não case com o noivo escolhido.
Desta fonte (e de outras semelhantes, na prudência com que tratam o fogo juvenil), Shakespeare extraiu uma história radicalmente diferente. Desde logo, três personagens menores são aumentadas na peça para se tornarem forças no drama: Mercúcio, a Ama e Tebaldo, todos, de algum modo, anti-heróis, inimigos daquela união em nome da camaradagem masculina, dos limites da vontade feminina, e, por ordem e por fim, do respeito pelos fervores tribais das famílias.
Shakespeare mudou também a ordem e a importância relativa das peripécias, acrescentando outras, para criar uma precipitação irresistível. O tempo da acção encolhe para poucos dias, em vez dos meses da narrativa tradicional, e a união dos amantes cabe numa só noite, já sob a sombra da separação inevitável.
As mortes de Romeu e Julieta já não serão apresentadas como os justos castigos da sua irracionalidade e rebeldia (um termo muitíssimo negativo no vocabulário da época, e no do próprio Shakespeare).
Para elevar aquela união perturbadora da ordem daquela Verona imaginária, Shakespeare funde arrojadamente a sua paixão (e da sua época) pelo soneto de gosto italiano, com aquilo a que se pode chamar o princípio do teatro como espectáculo verbal, que o teatro do nosso tempo tantas vezes descura, mas que fazia a regra do teatro isabelino: um teatro para ser ouvido, ainda mais do que visto. Esta peça, por via da sua inspiração na fonte lírica italiana, mais exactamente petrarquista - a mesma de Camões -, junta ao enredo tenso uma exibição de luxo verbal que nunca se prejudicam mutuamente em cena. O verso carregado de lirismo serve para compactar emoções, dar expressão aguda a traços do carácter das personagens, e assim ajudar à construção de um tempo progressivamente comprimido. E aquela coincidência literária deve ser e pode ser plenamente aproveitada. É uma crença desta versão, a possibilidade da imitação da dicção lírica original. Para uma ilustração deste processo basta a cena do encontro, no baile, entre Julieta e Romeu enquanto desconhecidos, sendo que as deixas que vão trocando até se consumarem os dois beijos trocados constituem, em si mesmas, um soneto rimado, em que os versos regem a pauta de movimentos contidos. “É um livro, essa boca”, diz Julieta, num elogio à delicadeza com que Romeu soube responder ao desafio poético.
Esta versão acredita, portanto, no espectáculo verbal, e no poder do seu ritmo em toda a máquina cénica.
Fernando Villas-Boas
Sobre a companhia:
O Teatro da Terra foi fundado em 2009 por Maria João Luís e Pedro Domingos, que se mudaram de Lisboa para Ponte de Sor com uma vontade muito grande de mudar de vida e com um ímpeto gigante de fazerem criação fora de Lisboa. O projeto, apoiado pela DGARTES e fortemente acarinhado pela comunidade local, é também um espaço de acolhimento de vários espetáculos e companhias, contando já com mais de 30 produções. 2020 marca o início de um novo ciclo com a assinatura do protocolo de cooperação com a Câmara Municipal do Seixal, onde o Teatro da Terra passa a ser a companhia de teatro residente no Fórum Cultural do Seixal.
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Ficha técnica e artística
Encenação: Maria João Luís
Interpretação: Afonso Molinar, Bruno Ambrósio, Cátia Nunes, Filipe Gomes, Inês Curado, José Leite, Miguel Sopas, Paulo Lages, Pedro Moldão, Rodrigo Saraiva, Sílvia Figueiredo, Tadeu Faustino
Tradução e adaptação: Fernando Villas-Boas
Cenografia: Ângela Rocha
Criação musical e ilustração: João Lucas
Figurinos: José António Tenente
Desenho de luz: Pedro Domingos
Assistência de encenação Filipa Leão
Segunda assistente: Carina R. Costa
Produção executiva: Artur Correia
Assistência de produção: Filipe Gomes
Direção de produção: Pedro Domingos
Produção: Teatro da Terra
Co-produção: Novo Ciclo ACERT / Casa Das Artes De Vila Nova De Famalicão
Parceria: Câmara Municipal do Seixal
Apoio: República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral Das Artes