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GUIÃO PARA UM PAÍS POSSÍVEL
No parlamento português, entre as bancadas dos deputados e a tribuna com membros do Governo, existe, exatamente a meio da sala, uma secretária sem nada à volta onde trabalham dois funcionários que têm a missão de transcrever tudo o que ali é dito. Através dos seus dedos, registam-se os discursos, as intervenções, os apartes, as insubordinações e até os gestos. São centenas de milhares de páginas que registam debates, assembleias constituintes, votações, avanços e recuos nos direitos sociais, laborais e humanos. “Guião para um país possível” é um espetáculo criado a partir destes registos, para contar os últimos cinquenta anos da nossa democracia.
Sobre a criadora:
Sara Barros Leitão nasceu no Porto, em 1990. Formou‐se em Interpretação pela Academia Contemporânea do Espetáculo, iniciou a licenciatura de Estudos Clássicos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e iniciou o Mestrado Estudos sobre as Mulheres – Género, Cidadania e Desenvolvimento, na Universidade Aberta. Não concluiu nenhum.
É atriz, encenadora e dramaturga e trabalha regularmente em televisão, cinema e teatro.
Nos últimos anos tem trabalhado frequentemente como atriz nos Teatro Nacional São João, Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), com encenadores como Nuno Carinhas ou Tiago Rodrigues.
Como encenadora e criadora, destacam‐se as encenações dos concertos “Trilogia das Barcas” (2018) de Gil Vicente, e “Rei Lear” (2019) de William Shakespeare, coproduzidos pelo CCB e Toy Ensemble; as criações “Teoria das Três Idades” (2018), coproduzida pelo Teatro Experimental do Porto e Teatro Municipal do Porto, eleito um dos espetáculos do ano pelo Jornal Público, “Todos Os Dias Me Sujo De Coisas Eternas” (2019), a partir de um trabalho de investigação sobre a toponímia portuense, apresentado no projeto Cultura em Expansão, e “Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa” (2020), eleito um dos espetáculos do ano pelo Jornal Público, Melhor Espetáculo da Cidade de Lisboa pela revista Time Out, nomeado para Melhor Espetáculo nos Globos de Ouro 2022 e nomeado Melhor Texto Português Representado nos Prémios SPA – Sociedade Portuguesa de Autores.
Foi a vencedora da primeira edição do Prémio Revelação do TNDMII/AGEAS.
Foi diretora artística convidada do Teatro Oficina. Em 2020, fundou a estrutura artística Cassandra, que dirige, para desenvolver os seus projetos.
Sobre a companhia
Cassandra é uma estrutura artística, fundada em 2020. É também o nome da mulher que Apolo amaldiçoou por ter recusado a sua sedução, tornando-a capaz de prever o futuro sem que ninguém acredite nela. Resgatada do mito clássico, depois de ver Tróia incendiada, e ver cumprido tudo o que predestinou, chega-nos agora em forma de encorajamento à criação, mesmo sabendo da dificuldade que terá em ser ouvida. Uma característica não muito diferente da de todas as mulheres.
O projeto artístico assenta em dois eixos: a criação original de espetáculos, e projetos multidisciplinares de desenvolvimento de públicos.
O primeiro espetáculo foi “Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa” – estreado em 2021 no Centro Cultural de Belém, Lisboa - escrito, encenado e interpretado por Sara Barros Leitão, que é também a diretora artística desta estrutura artística, e que conta a história do trabalho doméstico em Portugal, com especial foco na criação do Sindicato do Serviço Doméstico, em 1974. Este espetáculo continua em digressão, tendo passado já por mais de vinte cidades nacionais e internacionais.
Paralelamente, Cassandra organizou uma exposição com os materiais que estiveram na origem desta pesquisa: “Mulheres em luta – uma exposição sobre o Sindicato do Serviço Doméstico”, com a curadoria de Mafalda Araújo e Maria Manuel Rola, que foi exibida na Galeria Geraldes da Silva, no Porto (2022) e na Fábrica das Ideias, Gafanha da Nazaré (2023). Assim como co-organizou um Encontro Internacional de Trabalho Doméstico, Reprodutivo e Cuidados, com o Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (2022).
Desde 2021, que organiza as Heróides - clube do livro feminista, um projeto de leitura, discussão e conversa à volta de livros, com encontros mensais, que junta online centenas de pessoas por mês.
Em 2023 estreia a sua nova criação, “Guião para um país possível”, um espetáculo a partir dos Diários da Assembleia da República desde 1974 até aos dias de hoje.
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Ficha técnica e artística
Dramaturgia e encenação: Sara Barros Leitão
Interpretação: João Melo e Margarida Carvalho
Desenho de luz: Cárin Geada
Composição musical: Pedro João
Desenho de som: Mariana Guedelha
Figurinos: Cristina Cunha
Confeção de figurinos: Emília Pontes e Domingos Freitas Pereira
Conceção de cenografia: António Quaresma e Susete Rebelo
Execução de cenografia: António Quaresma
Execução dos telões: Beatriz Prada, Cristóvão Neto e Nuno Encarnação
Direção de produção: Susana Ferreira
Produção e Comunicação: Mariana Dixe
Coordenação da pesquisa: João Mineiro
Apoio à dramaturgia e coordenação de Parlatório: Carlos Malvarez
Fotografia de cena: Teresa Pacheco Miranda
Design: Marta Ramos
Produção: Cassandra
Apoio à residência: CRL - Central Elétrica
Residências: Teatro Municipal Baltazar Dias, Teatro Viriato
Residência de estreia: Centro Dramático de Viana - Teatro do Noroeste
Coprodutores: 23 milhas, Casa das Artes de Famalicão, Centro Dramático de Viana / Teatro do Noroeste, Teatrão, Teatro-Cine de Torres Vedras, Teatro Municipal Baltazar Dias, Teatro Viriato
Projeto financiado por: República Portuguesa e Direção Geral das Artes
Apoio à Criação: Abril é Agora
Alto Patrocínio da Assembleia da República