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COM VIVÊNCIAS coisas da vida JOSÉ RUI MARTINS
As coisas da vida só nos acontecem Com Vivências intimamente humanizadas e fraternas.
Celebrar o que que quer que seja com quem estimamos é um pretexto para apaziguar carências. Podem ser superficiais os motivos, mas que sobeje a humildade de recusar a solidão pela importância de existirmos como somatório do muito dos outros que nos habita.
Porquê “maningue”? Por, em 55 anos de teatro, 31 terem sabor moçambicano e por me regalar ao ver a palavra já integrada no dicionário de língua portuguesa.
Porquê “teatrando”? Por ser uma palavra que, ao invés, não integra o dicionário, ao contrário de “trabalhando”.
Porquê 55 anos, quando é habitual um número redondo? Aqui já a “porca torce o rabo” e guardarei para a “Com Vivência” a explicação.
Cada vez mais damos menos importância às pequenas coisas, arcando a desdita da padronização, da competição e das aparências. Talvez por isso, este desejo partilhar Com Vivências represente uma urgência de dessacralizar o palco e devolver-lhe o espírito de Téspis, considerado o primeiro ator do teatro grego e quem primeiro fez da sua carroça transporte e palco. Também ele deixou de ser o único protagonista, representando dois papéis, usando uma máscara com uma face na frente e outra na nuca. Sempre acompanhado com o seu Coro, a voz coletiva sobre a ação teatral que decorria.
Este encontro de Com Vivência não é um espetáculo, mas uma tertúlia de intimidades onde a máscara da nuca, ainda que invisível, empurra as emoções, os afetos e as parvoíces com que os outros, nossos iguais, nos permitiram voar sonhadores e solidários.
A proposta desta Com Vivência é um apelo à preguiça, ao efémero, ao banal, à despretensão, predicados que, quando autênticos, são o que são e a mais não são obrigados.
Alguns conhecerão nossas vidas nos palcos, mas talvez haja poucos que, para além disso, ignoram que também poderemos ter trabalhado num infantário, distribuindo queijo, operário da construção civil, vendedor de botijas de gás ao domicílio… enfim, no que me toca, cidadão comum colecionador de pneumotórax, imperfeições, mazelas e outras peripécias inabituais de menção pomposa em curriculum.
Bem, no fundo, no fundo, esta Com Vivência pode ser traduzida numa expressão de um grande amigo de Molelos, também especialista no dialeto local, que numa noite de copos e banalidades avulsas, junto à lareira do café, me segredou a expressão mais apaixonante que jamais tinha ouvido: “Eu amo-te, mas devagarinho…”
É isso que se pretende com os amigos: “amá-los, mas devagarinho…”
Zrui
Nota de rodapé: verifiquei não ter escrito nenhuma sigla de pertença. Quem conhece o meu invólucro, sabe nele estar mencionado made in ACERT; validade: até durar.
BEM-TE-QUERO
Eu somos muitos!*
Quem seria eu
sem aqueles
que deixaram em mim
paixões,
valores humanos
e ensinamentos?
Aqueles,
os que dentro de mim
me perfazem na busca
de um eu carente
de pertencer-lhes,
mesmo no seu silêncio…
Devagarinho…
Sozinhos?
Pouco fazemos…
Isolados?
Pouco valemos…
A cultura, o teatro?
Apenas trilho de partilhas.
Macio… como o amor…
*Usava esta frase e citava-a como sendo de um conto de Mia Couto. Não é igual, mas o meu amigo escritor estimulou-me e ela entranhou-se em mim.
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ZIB'S - por Pompeu José
O Zibs [*] é uma eterna criança no corpo de um gigante.
“Em cada esquina um amigo”, a frase que melhor o define.
É um ser humano marcado, na infância, pela opressão, e na adolescência, pela revolução.
Sonha diariamente com flores nos canos das espingardas.
Fundador do Trigo Limpo e da ACERT passou a vida no palco.
Acredita que aí se pode mudar o mundo.
Acredita que mudar o local é a melhor forma de mudar o universal.
Para ele o mundo inteiro pode estar na porta ao lado.
São os vizinhos de outras origens que lhe mostram o mundo.
Tem pouco jeito para trabalhos manuais, mas é um artesão da palavra.
As memórias preenchem-lhe a existência e transformam-se em histórias.
É essa a sua razão de ser. Contar histórias. As suas, que são também as dos outros.
[*] - É assim que, entre a malta, tratamos o Zé Rui. “Zibs” = Gajo (em “Galramento” - dialeto de Molelos).