Considera a ACERT como uma casa amiga, família até. Zé Mágico estreia um novo espetáculo “Open Mic: Truques de Diário” neste espaço que é nosso, mas também já um pouco dele.

Ao longo da sua carreira, sempre acompanhado pelos seus cadernos, foi rabiscando alguns truques que esperavam o momento certo para serem apresentados. Depois de ser desafiado pela ACERT, não conseguiu recusar a apresentá-los no Novo Ciclo pela primeira vez. Um espetáculo que funde a magia e o humor num só.

 

A maioria das pessoas conhece-te pelos teus espetáculos de magia. Nesta apresentação na ACERT misturas a magia e o humor. O que te despertou para o humor?

Na verdade não me apercebi que estava a fazer humor, foi algo natural... as pessoas é que acabaram por achar que era humor. Grande parte das vezes até sentia que estava a falar a sério e, de repente, percebia que as pessoas levavam o que eu estava a dizer como uma piada.

O jeito que acabei por criar na minha personagem, o Zé Mágico, meia atabalhoada e (aparentemente) muito azarada cria um sentido cómico no espetador. A verdade é que não procurei isso, apareceu naturalmente e as pessoas começaram a alimentar essa característica. Eu percebia o que funcionava através do riso e talvez, inconscientemente, tenha procurado as gargalhadas do público. Tenho um lado divertido que contribui para enaltecer o lado artístico. Perceber que o público se está a rir e divertir comigo é muito bom. 

 

Como foi criar este “Open MIC: Ou truques de diário”?

Está a ser um desafio porque são ideias que estavam há muitos anos paradas. Como o próprio nome indica “Truques de diário” são truques que fui apontando nos meus diários mas que, de alguma forma, nunca tive coragem de preparar e construir convenientemente para poder apresentar. Até porque nunca encontrei o contexto certo para o fazer.

São todos bastante distintos, com narrativas e apresentações singulares e nunca tinha surgido a oportunidade. 

Está a ser um verdadeiro desafio porque, como dá para perceber, são truques criados de raiz e nunca foram apresentados.

 

Porquê estreares-te numa nova vertente na ACERT?

Só podia estrear na ACERT porque o meu primeiro espetáculo estreou aí. O segundo, terceiro, quarto... quase todos os meus espetáculos estrearam nessa casa.

Quando a ACERT me convidou para retomar esta noite de café-teatro pensei “bem, nada melhor do que um sonho que tenho há muito tempo, reunir estes truques que tenho para apresentar, e que estão à espera do momento certo”. Mas se calha essa ideia de momento certo é um engano. O momento certo é, em vez de procurar um contexto para apresentar os truques, criar o próprio contexto. Tenho estes truques todos que preciso de partilhar entre amigos e a ACERT é um grupo que sinto como família e senti que era o sítio certo para poder fazer isso porque tenho essa abertura.

Como a própria sinopse diz, eu considero estar na ACERT um momento de estar com amigos.

 

O que esperas da reação do público?

Não sei... não sei o que espero porque nunca apresentei este espetáculo, logo não sei o que virá daí. Vai ser uma autêntica surpresa.

Não sei o que as pessoas estão à espera. Espero que leiam a sinopse, vou fazer a ressalva no início do espetáculo e perguntar quem a leu, precisamente para que quem estiver presente  perceba que é a primeira vez que estou a apresentar este espetáculo. E que é, na verdade, composto por um conjunto de truques que não têm qualquer sentido ou conexão entre eles... 

Portanto não estejam com as expectativas muito altas... espero não defraudar ninguém!

 

Caso as reações sejam positivas esta poderá ser uma nova linha nos teus espetáculos?

Há muitos artistas na comédia e noutras áreas que fazem “Open Mic”. E antes de irem em digressão vão a um determinado espaço com este conceito, que vem muito da cultura americana, e começam a treinar as piadas sem qualquer tipo de compromisso. Às vezes pode ser só dez, quinze minutos... entram, sobem a palco e experimentam as piadas e vêem como funcionam. Depois, vão aprimorando e testando até que depois acabam por incorporar no espetáculo.

A minha ideia foi exatamente essa. Em Viseu, ou em Portugal, não há muito essa cultura. Alguns humoristas, até alguns conhecidos, começaram a fazer isso para experimentarem o seu material antes de irem em tour e eu decidi fazer o mesmo.

Vou fazer um “Open Mic” com os truques de diário que queria experimentar, mas que nunca tive oportunidade.

Espero que corra bem, mas não há nada melhor do que ir para ver o que vai acontecer.  Se vou ser apupado, vaiado ou recebido com uma salva de palmas é uma incógnita, terão mesmo de ir para ver.