25 DE ABRIL SEMPRE | OUTUBRO POR MARGARIDA OLIVEIRA
De 25 de janeiro a 25 de dezembro, em 2024, em todos os meses haverá um 25 de Abril. Neste ano em que se celebram os 50 anos da Revolução, no blog da ACERT e no Jornal do Centro refletimos sobre o que tem sido viver em Liberdade, os valores que fizeram o 25 de Abril e continuam a fazer parte da ACERT em cada momento. Tudo isto, através das palavras de convidados, amigos da ACERT, da Cultura e da vida num mundo que se quer sempre melhor.
"Caminhando por entre casas e campos, seguia sozinha em caminhos de pedras soltas, que se iam desviando a cada passo que dava. Num ritmo constante e não muito acelerado, caminhava sem destino marcado. Após algum tempo, fui sentindo-me mais leve e as pedras debaixo dos meus pés, iam sendo cada vez menos. Estava a poucos centímetros do chão e sempre a caminhar, já não sentia as pedras. Fui subindo mais alto. Parei de caminhar, abri os braços e de olhos bem abertos, sorrio. Estava a voar! No rosto, sentia o vento a acariciar-me, com sabor a liberdade." E era sempre neste momento, que acordava, de um sonho fantástico!
Não sei quantas foram as vezes que o sonhei, mas era bastante recorrente, até que um dia, o deixei de sonhar e já lá vão muitos anos.
Nasci num país livre que acolheu o meu Pai, de profissão maçon, e a minha Mãe que anos mais tarde viria a ser femme de ménage. Poucas semanas depois, a muitos quilómetros de distância, Abril acordou com gritos na rua, onde se ouvia: " Viva a Liberdade!"
No início dos anos 80, a palavra Liberdade passou a ter um significado especial e foi quando descobri que estava sempre acompanhada da Responsabilidade. Vivia então, numa aldeia no interior com a Tia, que cuidava da horta e dos animais e fazia queijo e o Tio que calcetava as ruas da capital. A uma distância de menos de vinte quilómetros e mais de uma hora percorrida pelo transporte público até à cidade pequena mais próxima, ziguezagueando por entre lugares e campos, conclui o último ano do liceu. Num salto de gigante, de tamanho pequeno passou a ser grande, a cidade, a formação académica e a carreira profissional. É neste início de vida de adulta que fui ao Teatro pela primeira vez. "As Troianas" de Eurípides apresentada pela companhia A Escola da Noite. É difícil descrever como me senti, depois de assistir a este espectáculo, marcou-me profundamente e a partir desse momento, o teatro viria a fazer parte da minha vida.
Tondela. ACERT. Tornei-me sócia da ACERT em 2004 e com regularidade assistia à programação: cinema, teatro e concertos. Foi no ano de 2009, que vi pela primeira vez e única, a Queima e Rebentamento do Judas. Posso dizer que foi uma experiência arrebatadora! Desde 2011, até aos dias de hoje, participo nos quadros teatrais dos espectáculos da Queima e Rebentamento do Judas. Sempre que surgiu oportunidade de integrar os projectos com a comunidade, estive presente. Passando pelo espectáculo, em palco, Em Viagem, a espectáculos teatrais de rua como: A Viagem do Elefante, O Pequeno Grande Polegar e A Passarola. Seguiu-se o Ciclo da Lua Nova, dando origem a cafés teatros como Quem Tem Medo de Virgínia Lobo?, Quem Matou o 29?, Quo Vadis? e Flores. Fazer parte do elenco da 135ª produção do Trigo Limpo Teatro ACERT, DESAFIOS, uma experiência indescritível e nos dias de hoje, participar no grupo amador de teatro (H)a Ver Teatro, onde me iniciei com o espectáculo Maleitas de Portugal.
ACERT é muito mais do que isto. ACERT são mulheres e homens, que constroem diariamente um sonho, que o mantêm vivo e renovado, que abrem as portas ao encontro do outro e que o integram na sua casa, dando-nos a possibilidade de percorrer um caminho, cada um ao seu ritmo e até mesmo… poder voar!
ACERT é a casa dos afetos, dos sonhos e da Liberdade. ACERT é a casa de todos e para todos! Cabe a cada um de nós, contribuir e lutar, pela sua existência!
Margarida Oliveira