Ah... Se Todos Os Dias Houvesse Palhaços

PALHAÇO II - Agora prepara-te para dizer as frases que te vou ensinar:
Máquina do futuro Querida do meu coração Faz com que eu possa Por o pé no chão.(Palhaço I repete o verso. Palhaço II dá cambalhota e vaporiza cilindro. Aparece escadita pequenina).
PALHAÇO II - Cá está a tua salvação. nunca falha!
PALHAÇO I - O que é isso?
PALHAÇO II – É uma escada. Vá desce!
PALHAÇO I – É o que eu digo. Ele quer dar comigo em doido. Achas que essa escada chega cá acima?
PALHAÇO II – É verdade. É pequenita. Espera… Estou a ter uma ideia brilhante.
PALHAÇO I – Eu até tenho medo do brilho das tuas ideias.
PALHAÇO II – (Vai buscar regador e começa a regar a escada) (Canta:)
Cresce, cresce escadinha És mais bonita c’uma flor
Para chegares ao meu amigo Estou a usar o regador.
PALHAÇO I – Ai que me rebentas com a caixa dos pirolitos. Tu és doido de todo. Então não vês que a escada não cresce?
PALHAÇO II – A escada é de madeira. A madeira vem das árvores. As árvores crescem com a água. A água deita-se com o regador, portanto a escada cresce com regador.
PALHAÇO I - Deixa-te de histórias e vaipedir a alguém que te dê uma escada maior que permita eu sair daqui.
PALHAÇO II - Até me ficava mal.
Eu com a minha máquina… não encontrar uma solução para um problema tão pequenino como o teu.
PALHAÇO I - Não chames a isto um problema pequenino que eu até fico diminuído.
PALHAÇO II - Vou fazer outra experiência. Pre- para-te para dizeres o que eu te vou ensi- nar:
Máquina do futuro arranja-me outra solução Tu és a mais poderosa
Atira comigo pró chão. (…)

excerto do texto “Ah... Se Todos os Dias Houvesse Palhaços”

Estreia: Dezembro 1980
Salão dos Bombeiros Voluntários, Tondela

Texto e encenação: colectivos
Elenco: Élio Antunes, Carlos Teles, José Rui, Carla Rebelo, Lúcia Azevedo, Luís Melo