Cartas de um fascista a seus filhos e neto

Durante meio século, um pai e avô viveu numa democracia que nunca sentiu como sua. Agora, passados 50 anos, decide escrever e assumir-se através de cartas aos seus filhos e netos. Nelas, declara sem pudor: “sou fascista”. A partir deste gesto íntimo e radical, inicia-se um diálogo intergeracional que atravessa décadas da história portuguesa, da década de 60 até hoje, numa cadeia de correspondência onde se desvelam afinidades, fraturas, convicções e silêncios. O ambiente privado da família torna-se espaço público de questionamento: o que se transmite entre gerações? O que permanece calado? Como se confrontam visões do mundo entre afetos, política, religião, futebol, ou memória? É possível continuar a ser família depois de todas as estruturas e sistemas de crenças terem sido abalados? Este espetáculo mergulha nas fragilidades de uma sociedade que, precisamente por ser democrática, contém em si o risco da sua própria negação.

Direção Artística: Joana Gomes Martins & Rui Macário Ribeiro
Textos: Inês Barahona & Rui Macário Ribeiro
Interpretação: Joana Gomes Martins; com a participação de André Albuquerque, Clara Spormann, José Rui Martins e Raquel Costa
Apoio à criação: Nuno Nunes
Apoio ao desenvolvimento: Ana Gil, Emanuel Santoz e Pepa Macua
Acompanhamento ao desenvolvimento e consultoria histórica: Liliana Castilho
Design, grafismo e comunicação: Luís Belo a partir de um conceito de Rui Macário Ribeiro

Produção Projecto Património/Memória Comum – Associação
Parceiro Estratégico: Plano Nacional das Artes

Residência artística de 19 a 24 de novembro