No início do ano celebrar-se-ão, na ACERT, os 10 anos da Cadeira Amarela. Como tudo começou?

Conforme a data o sugere, lançámos o projeto em 2012. Até outubro de 2023 vamos procurar assinalar esta década que passou. Começámos há dez anos, somos dois sócios. Iniciámos com alguns objetivos em mente. Vínhamos de áreas que tinham a ver com a parte cultural. O meu sócio, Manuel Bento, é engenheiro de som e eu vinha da área de produção de eventos e espetáculos. Decidimos abrir, sediada em Viseu, uma agência. Grande parte do trabalho que começámos por fazer foi identificar quem estava a trabalhar cultura em Viseu, onde nos poderíamos inserir, que projetos poderíamos alavancar e tivemos, desde um logo, um objetivo de extrapolar fronteiras.

A relação de cooperação entre a Cadeira Amarela e a ACERT começou cedo. Como foi?

Começámos a trabalhar com a ACERT depois de criar a agência. Isto porque já conhecíamos esta casa enquanto público e trabalhando na área seria muito estranho não percebermos o papel da ACERT na região e mesmo a nível nacional. Sempre a vimos como um modelo de trabalho. Tanto a nível da programação como produção de conteúdos, sempre foi, para nós, um modelo a seguir. A primeira vez que participámos em algo com a ACERT foi, se não me engano, num Tom de Festa. No primeiro ano em que abrimos a agência ou no seguinte, em que tivemos uma banca no festival onde apresentámos alguns projetos que tínhamos em carteira e alguns dos artistas que estavam connosco. Depois, começámos a colaborar também com pequenos showcases, concertos, e fizemos muitos ao longo destes últimos anos.

Esta celebração de 10 anos é um marco da continuidade da vossa relação. O que se pode esperar destes dois dias de eventos?

Dividimos isto em dois dias. Na sexta-feira teremos um concerto no Bar bastante descontraído com os Jesus or a Gun. Os Jesus or a Gun são, neste momento, uma das bandas mais interessantes no panorama do hard rock e não se trata apenas de repetir fórmulas dos anos 70 ou 80 daquilo que foi o rock n’ roll. No dia seguinte vamos fazer a festa com nove projetos que nos têm acompanhado ao longo desta década e que são todos oriundos da zona de Viseu. Quisemos fazer uma festa com estéticas e gerações diferentes, mas tudo da nossa região porque foi esse o primeiro mote que tivemos quando lançámos o projeto Cadeira Amarela. Desde o jazz, música de intervenção, worldmusic, algum hip-hop também, rock, cantautores... vai ser muito interessante. Conseguimos convencer dois projetos que, neste momento, não estão a tocar – os Inércia e os Wipeout – históricos nos anos 90 na cidade de Viseu. Eles vão juntar-se, de propósito, para tocarem nesta festa e vai ser muito especial.

 

Entrevista de Romana Martins a Nuno Correia