Entrevista a Gustavo Cunha - Núcleo de Escalada ACERT
Há mais na ACERT para lá dos palcos. Gustavo Cunha, atleta do Núcleo de Escalada da ACERT, é a prova viva de como é importante manter viva a atividade dos núcleos desportivos da ACERT. Em entrevista, conta-nos um pouco das aventuras a que a escalada o tem levado.
Como surge a tua relação com a escalada?
Surge de uma forma muito natural. Desde que me lembro que passo muito tempo na natureza. Os meus pais são apaixonados por este meio, e essa paixão passou quase por genética. O meu pai domina, como praticante e formador, a escalada e eu aprendi quase tudo o que sei para “trepar paredes” com ele. Os dias relaxados a escalar na natureza, fizeram-me querer escalar mais e melhor, e para isso, treinar muito.
Foi aos 14 anos que, esta motivação de ser cada vez melhor, me fez passar a treinar todos os dias e a quase constantemente pensar nesta modalidade tão complexa.
Nos últimos meses tens participado em provas muito importantes, fala-nos um pouco sobre elas.
Tem sido uma experiência incrível. Os últimos meses foram muito intensos, entre treinos duros, acabar o ano de faculdade, competições nacionais e internacionais e trabalhar. Comecei no mês de maio com três semanas a viajar pela Europa a competir no Circuito Europeu de Bloco de Jovens, três competições muito exigentes e muitos dias de treino juntamente com a Seleção Nacional. De volta a Lisboa o foco era treinar para as competições seguintes. Entretanto o mês de julho estava à porta e com ele um mês de viagem para treinar em instalações muito boas e competir em três etapas do Circuito Mundial de Seniores. A primeira etapa foi uma semana de treino na cidade de Innsbruck, na Áustria, onde pude experienciar treinar num dos melhores sítios do mundo com alguns dos escaladores de topo mundial. De seguida seguimos para Chamonix, na França, para a primeira competição do Circuito Mundial, foi a minha primeira competição deste nível e foi memorável. Desde o aquecimento ao lado dos campeões mundiais, as conversas com eles sobre as vias, até efetivamente escalar e dar o meu melhor, tudo foi novo e emocionante para mim. Depois rumámos a Briançon, também em França, onde voltámos a competir e onde me senti muito mais forte e confiante a escalar. Para terminar esta grande viagem, depois de mais uns dias de treino em Milão, fomos até Zilina, na Eslováquia, para representarmos Portugal mais uma vez. Esta competição foi a melhor para mim: estava mais confiante, em melhor forma e com mais experiência a competir a este nível. De forma geral, estas semanas foram muito boas para aumentar a minha experiência competitiva, melhorar como atleta, mas acima de tudo, conhecer atletas com as mesmas motivações e sonhos que eu.
Quais são os teus objetivos para os próximos tempos?
Melhorar como atleta, em todas as suas facetas. A curto prazo, o mês de agosto é um mês livre de competições e de muito calor para escalar na rocha, então vou usá-lo da melhor forma que posso: treinar, treinar e treinar. A temporada de outono e inverno são muito importantes para a escalada, tanto de rocha, como competitiva; tenciono então entrar nessa época no meu melhor. A mais longo prazo tenho planeado investir um pouco mais em alguns trabalhos relacionados com a escalada. Também começar a tentar ajudar o resto da comunidade nacional jovem de escaladores e escaladoras a evoluir para que os resultados do nosso país sejam cada vez melhores. Espero que o próximo ano seja também completo de competições e de viagens, sinto-me muito grato por poder viver estas experiências e de as poder partilhar com a comunidade.